A citação utilizada como título foi escrita por Sêneca, um dos mais célebres advogados, escritores e intelectuais do Império Romano. Centenas de anos se passaram, mas a sabedoria de sua reflexão permanece capaz de nos fazer pensar sobre como podemos reagir ao adoecimento. Antes de mais nada é importante esclarecer que somente o desejo não é capaz de curar. Afinal, pensando assim, estaríamos culpabilizando o doente por sua “não melhora” e isso não seria verdadeiro, tampouco razoável. Além de injusto, configuraria uma atitude infinitamente cruel, optar por responsabilizar a vítima por não alcançar a remissão da doença, ou mesmo, merecê-la, em função de um suposto “não desejo” de cura.
Todavia, também é possível afirmar que a postura que cada pessoa assume frente uma situação inesperada de adoecimento é de influenciar significativamente os resultados obtidos por meio do tratamento.
Diante de uma situação de enfermidade, cada paciente reage de forma diferente, seja para aceitá-la, lidar com suas inúmeras demandas ou organizar formas de enfrentamento. Sair da condição de pessoa saudável envolve até mesmo um luto por essa perda. Quando começam os sintomas físicos, é natural que ocorra perda da força de trabalho, disposição para atividades diárias e até mesmo momentos de lazer. E, uma vez conhecido o diagnóstico, o paciente pode, inclusive, questionar e até ver declinar seu desejo de viver. Isso pode acontecer, mesmo que temporariamente, com a maioria das pessoas que são surpreendidas por enfermidades mais graves. Sendo assim, é importante que todos os envolvidos de alguma forma com a rotina deste paciente, respeitem esse tempo necessário para “digerir” a mudança nas condições de saúde.
A palavra “cura” vem do latim “cura” e significa “cuidado”. Logo, quando o paciente consegue ser capaz de seguir e trabalhar por sua cura, ele passa a dedicar cuidados especiais consigo mesmo; entende a importância de destinar atenção e afeto para acolher sua própria dor e enfrentar o tratamento, em busca de uma possível cura. O “cuidado” também é uma palavra que pode, metaforicamente, nos lembrar de amor: nós cuidamos daqueles que amamos. Sendo assim, quando nos cuidados, nos amamos mais e esse sentimento de afeto nos dá esperança de melhora, move nosso desejo, e, até quimicamente, altera o nosso organismo que recebe uma descarga bioquímica positiva e melhora a nossa resposta, tanto física quanto emocional, nos auxiliando a combater melhor a doença que nos assola.
Com essas ideias em mente, passamos a ver que o desejo de cura nem sempre é algo que chega imediatamente, mas que, quando conseguimos alcançá-lo, ele representa fator de extrema importância para a adesão ao tratamento e, assim, torna-se corresponsável pela sua eficácia.
Faz-se necessário compreendermos a necessidade de respeitar, em nós e nos outros, a dor que nos faz morrer um pouquinho diante da perda momentânea da esperança, frente a situação de adoecimento. Mas, também, termos em mente que, com o atendimento médico adequado, mais o apoio de uma rede de familiares e amigos, sejamos capazes de fazer a nossa parte para que refloresça nosso desejo de viver e para que possamos fazer como as flores que se voltam para o sol, em busca de vida.
Retomando a citação de Sêneca: “Faz parte da cura o desejo de ser curado”. Que esse desejo habite em nós e nos motive a seguir. Enquanto há vida, há esperança!
***
Texto da psicóloga Josie Conti
O término de um relacionamento é, sem dúvida, um dos momentos mais desafiadores na vida…
Pedir ajuda é uma força, não uma fraqueza. Neste artigo, exploramos 21 situações da vida,…
O trauma é uma experiência avassaladora que pode afetar profundamente a vida de uma pessoa,…
Identificar crianças em situação de risco é essencial para garantir seu bem-estar e desenvolvimento saudável.…
Em uma sociedade que frequentemente exalta a extroversão e a constante sociabilidade, passar um sábado…
Tomar a decisão de terminar um relacionamento é uma jornada emocional e psicológica complexa. A…